Trecho do livro
Os irmãos Quevedo, depois de comunicarem à polícia o desaparecimento de María Luisa e de ouvirem a resposta de praxe – que esperassem, que ela devia ter dado uma escapada com algum namoradinho e que logo iria voltar –, resolveram consultar uma vidente. Uma paraguaia que atendia numa casa humilde. O grande quintal, que se abria direto para a rua, abrigava os consulentes e seus males, que se amontoavam disputando a sombra mirrada das árvores com alguns cachorros que sempre andavam por ali.
Mesmo tendo saído quase junto com o sol daquela manhã, quando os Quevedo chegaram já havia muita gente esperando. Um auxiliar da paraguaia, que cu
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Os irmãos Quevedo, depois de comunicarem à polícia o desaparecimento de María Luisa e de ouvirem a resposta de praxe – que esperassem, que ela devia ter dado uma escapada com algum namoradinho e que logo iria voltar –, resolveram consultar uma vidente. Uma paraguaia que atendia numa casa humilde. O grande quintal, que se abria direto para a rua, abrigava os consulentes e seus males, que se amontoavam disputando a sombra mirrada das árvores com alguns cachorros que sempre andavam por ali.
Mesmo tendo saído quase junto com o sol daquela manhã, quando os Quevedo chegaram já havia muita gente esperando. Um auxiliar da paraguaia, que cuidava de organizar a pequena multidão, de apartar as brigas que se armavam quando algum malandro tentava furar a fila, se aproximou para lhes perguntar qual o assunto que os levara lá. Os irmãos explicaram do que se tratava. O auxiliar escutou tudo com atenção e entrou no casebre. Pouco depois saiu de volta e os chamou com sinais. Ela vai receber vocês agora, disse inclinando-se um pouco, falando baixo para evitar as queixas, que mesmo assim se escutaram quando todos viram que eles iam passando na frente, tendo sido os últimos a chegar.
Mas foi bem pouco o que a vidente disse: que María Luisa apareceria, sim, que estavam na sexta e que aquilo não passaria do domingo.