Trecho do livro
O silêncio pode ser compreendido e vivenciado de diversas maneiras. Há os que consideram o silêncio como um processo que abre a possibilidade de reflexão e, com isso, de prospectar saídas diante de dilemas ou mesmo de encontro interior. Há a dimensão do silêncio que é consentimento, abrindo-se duas chaves: um consentimento construído em processo e outro imposto. Mas considero que há, ainda, outra dimensão: a do silêncio como negação contínua diante do que nos assusta, porque pode falar muito sobre nós mesmos. […] O sistema colonial era baseado no sadismo como política, na dominação e na brutalidade. Mas nada disso ficou no passado.
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O silêncio pode ser compreendido e vivenciado de diversas maneiras. Há os que consideram o silêncio como um processo que abre a possibilidade de reflexão e, com isso, de prospectar saídas diante de dilemas ou mesmo de encontro interior. Há a dimensão do silêncio que é consentimento, abrindo-se duas chaves: um consentimento construído em processo e outro imposto. Mas considero que há, ainda, outra dimensão: a do silêncio como negação contínua diante do que nos assusta, porque pode falar muito sobre nós mesmos. […] O sistema colonial era baseado no sadismo como política, na dominação e na brutalidade. Mas nada disso ficou no passado. As ferramentas se sofisticaram e a máscara passou a ser a prisão, como espaço de punição direcionada a grupos sociorraciais. O silêncio passou a se instaurar seja pelos mecanismos que impedem as pessoas de conhecer as dinâmicas do espaço prisional, seja pela invisibilidade e criminalização vivenciadas e impostas aos familiares. A sociedade trata a prisão como algo apartado do cotidiano.
Quando falamos sobre prisões, estamos quebrando paradigmas sociais que precisam desse silêncio para manter funcionando as engrenagens de manutenção de desigualdades. Este é o primeiro movimento a ser feito: romper o silêncio.