“Li o seu livro como um texto da minha tribo: a dos contadores de histórias. E das melhores histórias que são aquelas que ganham margem na chamada realidade. Obrigado pelo prazer desse encontro com o Paletó e, por via dele, com um universo que nos encanta.”
Mia Couto
Trecho do livro
Muitas vezes, desde que o via ficando mais e mais velho, me peguei pensando se seria capaz de chorar a sua morte do jeito que os Wari’ fazem, com um canto em que se alternam crises de choro e uma fala cantada que celebra o morto. Quem vela se lembra, nesse canto, de episódios comuns, do que comeram juntos, dos cuidados que trocou com o morto durante a vida. Algumas pessoas, ao me verem ao seu lado, talvez reparando o meu olhar carinhoso em direção ao homem que havia me adotado como filha, pensavam o mesmo, e me perguntavam se eu estaria lá quando ele morresse.
Não estou. Ele morreu no interior de Rondônia e eu continuei aqui, tenta [leia mais]