Trecho do livro
MARIA-BARULHENTA (Euscarthmus meloryphus): É uma ave que pula alto e dança sobre as árvores. Sua cor é de um marrom quase laranja, com partes claras. Tem bico fino, bochechas castanhas e cauda levemente arredondada. Os olhos de canela, envolvidos num leve amarelo, enxergam o que não vemos durante o outono. Alimenta-se de insetos que captura nas folhagens ao rés do solo. Seus ninhos são frágeis e quase caem quando venta muito. Põe sempre dois ovos esbranquiçados, com pequenos pontos lilases. Seu canto obsessivo soa como um ruído, e se torna um aviso aos que prestam atenção nos sentidos que traz implícitos. Ela faz do corpo o seu próp
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MARIA-BARULHENTA (Euscarthmus meloryphus): É uma ave que pula alto e dança sobre as árvores. Sua cor é de um marrom quase laranja, com partes claras. Tem bico fino, bochechas castanhas e cauda levemente arredondada. Os olhos de canela, envolvidos num leve amarelo, enxergam o que não vemos durante o outono. Alimenta-se de insetos que captura nas folhagens ao rés do solo. Seus ninhos são frágeis e quase caem quando venta muito. Põe sempre dois ovos esbranquiçados, com pequenos pontos lilases. Seu canto obsessivo soa como um ruído, e se torna um aviso aos que prestam atenção nos sentidos que traz implícitos. Ela faz do corpo o seu próprio jogo, entregando-se inteira ao ritmo dos sons do entorno. JOÃO-DE-BARBA-GRISALHA (Synallaxis kollari): Pássaro tímido, gosta de se recolher nas áreas de vegetação espessa. Mas de vez em quando visita os pântanos, em busca de insetos distraídos. De corpo ferrugem e levemente avermelhado, tem garganta branca rajada de cinza e base preta. Sua espécie está em risco por conta de agricultores que, para plantar arroz, devastam seus domínios. Esse joão ainda existe porque os índios da Amazônia o protegem em suas terras, embora estas também estejam sendo invadidas. Outro dado interessante é que ele tem um canto de nota dupla e firme, entoado com seu par, em alternâncias líricas. VIUVINHA-ALEGRE (Xolmis irupero): Essa viuvinha contradiz sua viuvez de várias formas. Para começar, seu corpo é todo branco. Tanto que muita gente a chama de noivinha. Só o bico, as pernas, as penas extremas das asas e a ponta da cauda têm a cor do luto. Seus olhos são astutos e, de longe, enxergam tudo. Vive em áreas diversas, como na caatinga, em terras com arbustos ou perto de brejos. Fica alegre quando voa e se mantém parada no ar como os beija-flores. Sua elegância até assusta, de tão incisiva. Que o diga quem com ela cruza em seus voos pelo azul do céu nordestino. Segundo um ornitólogo pernambucano, é a sensação de liberdade que a deixa ainda mais linda. ARBUSTO-BORBOLETA (Polygala myrtifolia): É uma planta de caule lenhoso e seiva leitosa. Possui uma densa ramagem de folhas finas, oblongas e verde-azuladas (semelhantes às do mirtilo) que se alastram, irrefreáveis, pelos galhos. Às vezes, é chamada de polígala. E, por dar um fruto ovalado e marrom, é também conhecida como ervilha-doce. Seu charme está nas flores de três pétalas de um cor-de-rosa vivo, com uma crista clara no meio. Quem as vê de relance acha que são borboletas pousadas nos ramos. Consta que as abelhas as disputam sempre com vespas, besouros, mariposas e formigas. Quanto às borboletas de verdade, sabe-se que são suas amigas íntimas.