Trecho do livro
O Brasil vive desde junho de 2013 uma crise política de grandes proporções. Esta crise diminuiu fortemente o apoio dos brasileiros à democracia e a confiança no sistema político do país. Em pesquisa de opinião realizada em 2018, a aprovação dos membros do Congresso Nacional estava em torno de 5%, e apenas 1% dos brasileiros se dizia muito satisfeito com a democracia (INCT, 2018). Muitos elementos desta crise impressionam e um deles adquire particular relevância tanto para os brasileiros quanto para os analistas internacionais: como foi possível transitar de uma situação na qual os brasileiros estavam relativamente satisfeitos com a
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O Brasil vive desde junho de 2013 uma crise política de grandes proporções. Esta crise diminuiu fortemente o apoio dos brasileiros à democracia e a confiança no sistema político do país. Em pesquisa de opinião realizada em 2018, a aprovação dos membros do Congresso Nacional estava em torno de 5%, e apenas 1% dos brasileiros se dizia muito satisfeito com a democracia (INCT, 2018). Muitos elementos desta crise impressionam e um deles adquire particular relevância tanto para os brasileiros quanto para os analistas internacionais: como foi possível transitar de uma situação na qual os brasileiros estavam relativamente satisfeitos com a nossa democracia, que foi capaz de resolver problemas graves como o da inflação e diminuir significativamente a desigualdade — os dois problemas que mais afligiam a nossa cidadania no início do processo de democratização —, e em pouco mais de cinco anos estar em uma situação de crise institucional generalizada?
É nesse sentido que se coloca uma questão teórica, analítica e metodológica: como entender as regressões pelas quais a democracia brasileira tem passado entre 2013 e 2018? Elas constituiriam apenas uma derrapada em um longo processo de construção democrática, como aconteceu nos Estados Unidos durante o macarthismo ou na Itália durante o período de enfrentamento das Brigadas Vermelhas?