“O livro não tem similar na escrita em português contemporâneo. Uma mulher recorda o pai. E nós podemos ver esse homem, cheirá-lo, sentir-lhe a presença.”
Luís Januário
Trecho do livro
Nunca tinha batido em ninguém, mas dei‑lhe uma bofetada, porque ela me irritou, porque não concordou comigo, porque eu é que sabia e mandava e estava certa, porque ela tinha dito uma mentira, porque me tinha roubado uma borracha, sei lá por que lhe dei a maldita bofetada!
Mas dei‑lha, na Escola Especial, no intervalo da manhã, encostada aos fundos da sala da 4ª classe. Uma parede branca. Era a Marília.
Foi premeditado. Tinha pensado antes, se ela voltar a irritar‑me, bato‑lhe. Podia perfeita e impunemente bater-lhe. Era mulata. E a rapariga comeu e continuou em pé, sem se mexer, com a mão na cara, sem nada dizer, fitando‑me com um [leia mais]