[N.A.] Silvia Massimini compartilha aqui seu diário da quarentena

Por Silvia Massimini

A maior parte das coisas aqui na editora é feita por diversas pessoas em conjunto. E não porque temos uma equipe numerosa; ao contrário: pelo tamanho enxuto é que precisamos construir praticamente tudo de forma coletiva.

Completamos dois meses de isolamento e decidimos que não dá mais para ficar tão longe dessa turma — escritoras e escritores, designers gráficos, ilustradoras e ilustradores, tradutoras e tradutores. Fizemos, então, um convite aberto a esse pessoal: o que vocês gostariam de compartilhar com os leitores da Todavia neste período?

Este é o [N. A.]

Emprestamos a abreviação “nota do autor” porque são essas autoras e esses autores que, por meio de suas criações, nos ajudam a construir a editora, diariamente. Todas as terças e sábados, você verá aqui o que nossa turma escolheu compartilhar.

Obrigada pela visita :) 

#VamosVirarEssaPágina

 

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Silvia Massimini é preparadora de textos e compartilha uma parte de suas trocas de e-mails sobre dúvidas e ideias da trilogia de Hilary Mantel.

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Olá, queridos, bom dia! Como estamos de confinamento? Por aqui tudo bem.

Acabei ontem à noite minha primeira leitura de Wolf Hall. Que livro maravilhoso. Estou muito feliz de estar preparando.

(...)

Achei a tradução excelente.

Agora, os nomes. Sempre são um pesadelo em livros históricos (acabei de traduzir um livro do Rosario Romeo, Richelieu e as origens da Europa moderna, e os nomes me deram muito trabalho). Aqui no Wolf Hall segui a regra de traduzir os nomes de reis e rainhas e seus descendentes diretos, que são os mais conhecidos. (...) Assim, por exemplo, Lady Maria/princesa Maria para a filha de Henrique VIII e Catarina, que sempre aparecia como Mary no livro. Isso evita também a confusão com as inúmeras Marys, condessas, duquesas e damas de companhia, que transitam pela história. Também mudei Edward IV para Eduardo (na lista de nomes está certo, é o rei Eduardo Plantageneta). 

Um nome que me deixa bastante em dúvida é George Bolena. Acho que deveria ser Jorge para seguir o aportuguesamento das irmãs Ana e Maria Bolena, não? Embora ele apareça pouquíssimo neste livro, acredito que vá ser central no próximo, já que envolvido na queda da rainha por conta da história de incesto. O que vocês acham, George ou Jorge?

Estou enviando em anexo aquela lista de nomes com as mudanças que fiz; por favor, vejam se concordam. Acho que realmente não tem muito problema em misturar nomes aportuguesados e originais porque a Europa naquela época era um cruzamento interminável de casas reais, com países sem fronteiras muito bem definidas e os inúmeros casamentos de poder entre herdeiros das várias casas do continente inteiro.

Por último: manter Cantuária ou voltar ao original Canterbury? Embora eu perceba que Canterbury é uma tendência nas traduções atuais de livros históricos, prefiro Cantuária pela associação com Os contos da Cantuária, do Chaucer. Mantenho assim?

Acho que por ora é isso. Vou começar hoje minha segunda leitura, agora mais aprofundada.

 

Beijos, cuidem-se,

Silvia

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Silvia Massimini é preparadora de textos e colaboradora da TodaviaEla é responsável pela preparação da trilogia da autora britânica Hilary Mantel - que terá o primeiro volume, Wolf Hall, publicado em setembro de 2020.

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