[N.A.] Clara Karepovs compartilha aqui seu diário da quarentena
A maior parte das coisas aqui na editora é feita por diversas pessoas em conjunto. E não porque temos uma equipe numerosa; ao contrário: pelo tamanho enxuto é que precisamos construir praticamente tudo de forma coletiva.
Completamos dois meses de isolamento e decidimos que não dá mais para ficar tão longe dessa turma — escritoras e escritores, designers gráficos, ilustradoras e ilustradores, tradutoras e tradutores. Fizemos, então, um convite aberto a esse pessoal: o que vocês gostariam de compartilhar com os leitores da Todavia neste período?
Este é o [N. A.].
Emprestamos a abreviação “nota do autor” porque são essas autoras e esses autores que, por meio de suas criações, nos ajudam a construir a editora, diariamente. Todas as terças e sábados, você verá aqui o que nossa turma escolheu compartilhar.
Obrigada pela visita :)
#VamosVirarEssaPágina
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Clara Karepovs integra o time comercial da Todavia e compartilha uma lista de filmes que assistiu durante o isolamento.
Uma semana antes da quarentena ser decretada na cidade de São Paulo, tinha assumido um compromisso comigo mesma de ir ao cinema pelo menos uma vez na semana. Um movimento de sair um pouco da pequena-absurda-sugadora tela do celular, e abrir mais espaço para uma outra tela, também absurda, mas gigante e encantadora: a do cinema.
Obviamente meu compromisso foi por água abaixo, mas para não abrir mão completamente da coisa, me adaptei a uma terceira tela: a do notebook.
Desde então, foram algumas dezenas de filmes, dos quais os mais marcantes compartilho aqui. todos eles, coincidentemente ou não, nos lembram que o “velho normal” ou só o “normal”, que dizemos tanto sentir saudade, já era um mundo horroroso — nós só estávamos confortavelmente ignorando isso.
Você não estava aqui, dirigido por Ken Loach, mesmo diretor de Eu, Daniel Blake: a história de uma família na Inglaterra, enfrentando grandes dificuldades financeiras, cujo pai passa a atuar como trabalhador autônomo para garantir o sustento de todos. Um filme que trata sobre a precarização dos direitos trabalhistas.
Os miseráveis, dirigido por Ladj Ly: vencedor do Prêmio do júri de Cannes de 2019, e do César de melhor filme em 2020, te deixa tenso até o último minuto, literalmente. a história se passa em Montfermeil, mesmo lugar onde Victor Hugo escreveu e ambientou sua famosa peça homônima, lugar também onde o diretor Ladj Ly nasceu e atualmente vive. um caldeirão étnico e confrontos policiais são o fio condutor dessa narrativa espetacular. um filme necessário, que tem ecos tenebrosos no nosso país.
Projeto Flórida, de Sean S. Baker: a melhor atuação de personagem infantil dos últimos tempos, e se fosse só isso já valeria a pena. mas é um retrato da vida das pessoas que vivem à margem do sonho norte-americano, através da inocência do olhar infantil.
O pacto de Adriana, de Lissette Orozco: documentário premiado na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, conta a história da família de Lissette, diretora do filme, mais especificamente de sua tia Chany, que trabalhou na DINA no período da ditadura Pinochet, no Chile, algo como o DOPS da ditadura militar brasileira. Lissette faz um retrato cru dessa confusão de sentimentos, onde os afetos pessoais se veem confrontados com o sombrio passado recente de seu país. um filme muito corajoso.
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Clara Karepovs integra o time comercial da Todavia.