Trecho do livro
O número consagrado ao Brasil, em setembro de 1942, homenageava o vizinho por conta da decisão de Vargas de abdicar da postura ambivalente e declarar guerra à Alemanha. (...) Tal empreitada editorial parece ter sido negociada junto à cúpula do Estado Novo, soando como propaganda oficiosa da ditadura brasileira. (...) O sumário reúne trechos do discurso de Vargas, artigos e poemas de uma seleta de escritores cooptados pelo Estado — Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Ribeiro Couto, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Adalgisa Nery, Vinicius de Moraes — além de quase dez páginas de ilustrações que reproduzem murai
[leia mais]
O número consagrado ao Brasil, em setembro de 1942, homenageava o vizinho por conta da decisão de Vargas de abdicar da postura ambivalente e declarar guerra à Alemanha. (...) Tal empreitada editorial parece ter sido negociada junto à cúpula do Estado Novo, soando como propaganda oficiosa da ditadura brasileira. (...) O sumário reúne trechos do discurso de Vargas, artigos e poemas de uma seleta de escritores cooptados pelo Estado — Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Ribeiro Couto, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Adalgisa Nery, Vinicius de Moraes — além de quase dez páginas de ilustrações que reproduzem murais de Portinari, desenhos de Guignard e retratos a bico de pena e a óleo dos intelectuais mencionados, todos assinados por Portinari. O público culto argentino tinha em mãos um guia revelador da entente entre o governo Vargas e a nata de intelectuais e artistas bafejados pelo poder público. Era a mostra típico-ideal de uma modalidade de inserção no campo intelectual desconhecida na Argentina, onde prevalecia um estilo de patrocínio da atividade intelectual sob o comando de mecenas privados, dos quais a revista SUR era o arquétipo mais bem-sucedido naquela conjuntura.