Trecho do livro
Em dezembro de 2003, durante uma das coletivas de imprensa anuais de Roberto Carlos, eu estava com outra centena de jornalistas no auditório de um hotel em Copacabana, no Rio, à espera da chegada do cantor. Eu estava na primeira fila. À minha direita, sentou-se um jornalista que, ao puxar conversa, notei que não era brasileiro, tinha um sotaque indubitavelmente norte-americano. Ele se identificou como Larry Rohter, então correspondente do diário The New York Times, e me contou que havia descoberto, abrindo os arquivos do jornal, que Roberto, apesar de ser provavelmente o mais popular artista da música da América Latina, não tinha si
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Em dezembro de 2003, durante uma das coletivas de imprensa anuais de Roberto Carlos, eu estava com outra centena de jornalistas no auditório de um hotel em Copacabana, no Rio, à espera da chegada do cantor. Eu estava na primeira fila. À minha direita, sentou-se um jornalista que, ao puxar conversa, notei que não era brasileiro, tinha um sotaque indubitavelmente norte-americano. Ele se identificou como Larry Rohter, então correspondente do diário The New York Times, e me contou que havia descoberto, abrindo os arquivos do jornal, que Roberto, apesar de ser provavelmente o mais popular artista da música da América Latina, não tinha sido objeto de nenhum artigo ou reportagem em seu veículo.
“Para nós, os brasileiros, Roberto é tão parte do Natal quanto o peru no Dia de Ação de Graças para vocês”, eu brinquei. “Para muita gente aqui, a primeira memória musical que existe é a de dar ou receber um disco de Roberto Carlos como presente de Natal.” Larry puxou uma caderneta e anotou o que eu disse. No dia do Natal, eu estava lendo o New York Times e vi que ele tinha usado minhas frases em sua reportagem, a primeira sobre o cantor naquele veículo de imprensa. É minha única citação no nyt. E era um artigo muito preciso, intitulado “Songs by a Man With Heart Mean Christmas in Brazil”. “Quando Roberto Carlos começou a cantar e gravar discos aqui, Elvis Presley estava no Exército e os Beatles ainda eram conhecidos como Quarrymen”, escreveu Rohter. “Quase 45 anos e 100 milhões de discos mais tarde, Roberto Carlos não apenas continua a se apresentar e compor músicas novas, como também permanece como o maior astro pop desse país louco por música."