— Este aqui é seu tio-bisavô – disse minha mãe. — Pouco antes de cair no Vesúvio. O tom de voz soara normal. Como se o que acabara de dizer não passasse de um acontecimento corriqueiro. — No Vesúvio? – perguntei. — O que é o Vesúvio? Ela não respondeu de imediato. Dediquei-me então a examinar a fotografia amarelada nas bordas, de onde um homem esguio metido em roupas de outra época me dirigia o olhar. Aos dez anos de idade eu não tinha como situar um ser tão remoto. Aqueles trajes estranhos, os bigodes que pendiam de cada canto de sua boca, a expressão entristecida cravada na minha… Nada naquela imagem me era familiar. — Um vulcão – a explicação chegou por fim em um tom didático. — Fica na Itália. O que é que ele estaria fazendo por lá?, ainda pensei. Mas não foi essa a pergunta que fiz: — Ele sabia que podia cair?