Trecho do livro
Em Ceilândia, um carro de reportagem do Correio de Brasília chega com estardalhaço ao local de um crime de morte.
Grisalha, Armandão e o motorista, por apelido Fitipaldi, descem na maior cafajestada. Grisalha de máquina fotográfica em punho e bolsa capanga de fotógrafo; Armandão com um punhado de folhas de redação e uma caneta esferográfica vagabunda; Fitipaldi vai de xereta mesmo, chacoalhando as chaves do carro na mão.
ARMANDÃO (para a turminha de populares aglomerada): Cadê o presunto?
POPULAR: O rabecão já levou.
ARMANDÃO: Não é possível. Que hora que fecharam o cara? Não foi às nove? São dez e meia, uma hora e meia não dá
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Em Ceilândia, um carro de reportagem do Correio de Brasília chega com estardalhaço ao local de um crime de morte.
Grisalha, Armandão e o motorista, por apelido Fitipaldi, descem na maior cafajestada. Grisalha de máquina fotográfica em punho e bolsa capanga de fotógrafo; Armandão com um punhado de folhas de redação e uma caneta esferográfica vagabunda; Fitipaldi vai de xereta mesmo, chacoalhando as chaves do carro na mão.
ARMANDÃO (para a turminha de populares aglomerada): Cadê o presunto?
POPULAR: O rabecão já levou.
ARMANDÃO: Não é possível. Que hora que fecharam o cara? Não foi às nove? São dez e meia, uma hora e meia não dá pros home fazerem perícia, investigação, o escambau e ainda levar o presunto. Essa não. Essa é recorde.
GRISALHA: Eu te avisei. Tomar aquele “cafezinho” foi uma roubada.
ARMANDÃO: Não enche o saco, porra. Eu sou um profissional. Tenho cinco anos de jornal! Então você acha que eu não sei quando dá tempo pra tomar uma cana? Aqui tem mutreta. Onde é que estava o corpo?
POPULAR: Ali. Olha a mancha de sangue. Levou três tecos. Dois na cara e um no peito. Morreu na hora.
ARMANDÃO: Quem atirou nele?
popular: Não sei. Ninguém viu.
ARMANDÃO: Ninguém viu. Vocês são uns cagões. Mostra aí como é que estava o corpo.
POPULAR: Assim ó, de bruço, com a cara no chão. Não deu tempo nem pra chegar as formigas.
ARMANDÃO: Fitipaldi, tu vai fazer o papel de morto. Deita aí que o Grisalha vai te fotografar.
FITIPALDI: Mas aí, Chefia, com a cara no melado?
ARMANDÃO: Deita aí e não discute. Se a gente chega no jornal sem a foto, o OB põe os três na rua.
Armandão começa a anotar o nome da vítima e as circunstâncias em que se deu o crime, enquanto Grisalha e o popular corrigem a posição de Fitipaldi.