Trecho do livro
Meu pai adoeceu no fim dessa época, em agosto de 2008. Um dia, telefonei para minha avó paterna, acho que no aniversário dela. Minha avó me disse para eu não me preocupar, que tinham levado meu pai ao hospital só para um exame de rotina. Perguntei a ela do que estava falando. Um exame de rotina, nada de mais, respondeu minha avó; não sei por que está demorando tanto, mas não é nada importante. Perguntei há quanto tempo meu pai estava no hospital. Dois dias, três, ela respondeu. Depois que desliguei, telefonei para a casa dos meus pais. Não havia ninguém lá. Então liguei para minha irmã; atendeu uma voz que parecia ter saído do fundo
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Meu pai adoeceu no fim dessa época, em agosto de 2008. Um dia, telefonei para minha avó paterna, acho que no aniversário dela. Minha avó me disse para eu não me preocupar, que tinham levado meu pai ao hospital só para um exame de rotina. Perguntei a ela do que estava falando. Um exame de rotina, nada de mais, respondeu minha avó; não sei por que está demorando tanto, mas não é nada importante. Perguntei há quanto tempo meu pai estava no hospital. Dois dias, três, ela respondeu. Depois que desliguei, telefonei para a casa dos meus pais. Não havia ninguém lá. Então liguei para minha irmã; atendeu uma voz que parecia ter saído do fundo dos tempos, a voz de todas as pessoas que já estiveram algum dia no corredor de um hospital esperando notícias, uma voz cheia de sono, cansaço e desespero. Não queríamos que você se preocupasse, me disse minha irmã. O que aconteceu?, perguntei. Bom, respondeu minha irmã, é muito complicado para explicar agora. Posso falar com ele?, perguntei. Não, ele não pode falar, ela respondeu. Estou indo aí, eu disse, e desliguei.