Trecho do livro
11. um sonho / [Ein Traum (seria em alemão)] / Era para ser o final do texto “Josef K.”, parece. / Kafka acabou descartando ele. / Se isso for verdade, meio que concordo. / Seria um fim mais para o banal. / Olha só: / O cara sonha que está andando por aí e acaba no cemitério. / Kafka não diz que é sonho. / Eu que estou dizendo porque é o que parece ser. / Aliás, meio que tudo que ele escreve parece sonho. / O título “Um sonho”, inclusive, nem é título. / Se fosse, todos os textos dele tinham de ter o mesmo título. / De qualquer modo, nesse sonho aí, o cara acaba num cemitério. / Bem em frente ao buraco de uma cova. / Um artista pint
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11. um sonho / [Ein Traum (seria em alemão)] / Era para ser o final do texto “Josef K.”, parece. / Kafka acabou descartando ele. / Se isso for verdade, meio que concordo. / Seria um fim mais para o banal. / Olha só: / O cara sonha que está andando por aí e acaba no cemitério. / Kafka não diz que é sonho. / Eu que estou dizendo porque é o que parece ser. / Aliás, meio que tudo que ele escreve parece sonho. / O título “Um sonho”, inclusive, nem é título. / Se fosse, todos os textos dele tinham de ter o mesmo título. / De qualquer modo, nesse sonho aí, o cara acaba num cemitério. / Bem em frente ao buraco de uma cova. / Um artista pinta na lápide o nome de quem vai ser enterrado. / O cara que perambulava por ali fica vendo o trabalho do artista. / Estão lindas, as letras. / Quando o artista percebe quem está lá, para, pincel no ar, sem graça. / Nesse momento, o cara tropeça e cai dentro da cova.