Trecho do livro
Chovia pesado no dia do acidente, mais ou menos como agora, só que foi de manhã. Antônio pegou o carro e deu um giro pela quadra onde costumava jogar vôlei, só para conferir, porque sabia que não tinha condições de jogo num tempo feio como aquele. Rodou sozinho pelo bairro, sem rumo definido, apenas gastava a gasolina do tanque para ver no que ia dar. Cruzou de volta a rua do antigo apartamento e foi direto, contornando a rotatória que dá acesso à estrada principal, o caminho que fazia sempre, para o porto da cidade, para o galpão, todas as tardes. Antônio nunca foi muito veloz, porém para avançar pela orla em direça
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Chovia pesado no dia do acidente, mais ou menos como agora, só que foi de manhã. Antônio pegou o carro e deu um giro pela quadra onde costumava jogar vôlei, só para conferir, porque sabia que não tinha condições de jogo num tempo feio como aquele. Rodou sozinho pelo bairro, sem rumo definido, apenas gastava a gasolina do tanque para ver no que ia dar. Cruzou de volta a rua do antigo apartamento e foi direto, contornando a rotatória que dá acesso à estrada principal, o caminho que fazia sempre, para o porto da cidade, para o galpão, todas as tardes. Antônio nunca foi muito veloz, porém para avançar pela orla em direção ao mirante, ao Parque das Rosas, precisou acelerar um pouco mais passando o posto e, nesse momento, alguma coisa deu errado, talvez uma poça, óleo na pista, porque ali não tinha mais ninguém, não tinha moto, bicicleta, caminhão, não tinha ninguém, mas, por algum motivo, ele capotou, perdeu o controle do volante, pisou mais fundo do que deveria, abriu mais na curva do que tinha que abrir, a roda bateu numa pedra, no meio-fio, e Antônio capotou, o carro voou pelo canteiro e foi dar na mão contrária, de cabeça para baixo, ou de lado, depois de uma ou duas voltas, até parar contra um poste.