Trecho do livro
Primeiro que esse livro não é um livro. Que esse livro é um chope. Mentira. É um uísque. Um, não. Dois. Dois uísques. Um bar. Esse livro é um bar. Dentro dele, ou atrás, ou embaixo, ou pelas diagonais, há um tipo de amor que só o Braga. Aquele, da cobertura de Ipanema. Da floresta suspensa. Natural do Espírito Santo. Que manjava de árvore, mulher, passarinho. Braga, Rubem. Parêntesis: adoro quando o sobrenome vem antes, assim, seguido de uma vírgula. Fica com cara de estante de livraria. De obra. De vida inteira. De “aqui tem tudo o que é sentimento humano”. O que definitivamente não é o nosso caso. Que a gente ainda tá no idílio. N
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Primeiro que esse livro não é um livro. Que esse livro é um chope. Mentira. É um uísque. Um, não. Dois. Dois uísques. Um bar. Esse livro é um bar. Dentro dele, ou atrás, ou embaixo, ou pelas diagonais, há um tipo de amor que só o Braga. Aquele, da cobertura de Ipanema. Da floresta suspensa. Natural do Espírito Santo. Que manjava de árvore, mulher, passarinho. Braga, Rubem. Parêntesis: adoro quando o sobrenome vem antes, assim, seguido de uma vírgula. Fica com cara de estante de livraria. De obra. De vida inteira. De “aqui tem tudo o que é sentimento humano”. O que definitivamente não é o nosso caso. Que a gente ainda tá no idílio. Na projeção. Na parte boa. Escondendo os defeitos. Três anos só. Três anos, vinte cidades, uma briga, duas filhas, 326 copos de qualquer coisa alcoólica, um golpe de estado, um casamento, uma separação. Nosso trio — meio Jules e Jim e meio Dona Flor — começou à la Big Bang. Ou big band. Dando aquela plagiada nos portugueses e pedindo a benção a Jorge Amado, assinamos nosso enlace em Salvador. E não à toa, passamos a noite de núpcias no Rio Vermelho. Fingindo que o trabalho era desculpa pra se gostar, e usando uma turma de guerreiros literários como padrinhos, nossa trinca de ases anos setenta “deu bom”. Por acidente, sorte ou destino, a gente existiu desde o primeiro instante. E agora vira livro. Livro-bar-crônica coletiva.