Chelsea Girls,

"Queria eu estar brisando agora, disse a Chris, seu rosto iluminado pelas velas reluzentes em cima da mesa do Orchidia. Eu adorava essa cor em seu rosto, luz de mel, e eu ainda não estava brisando. É. Queria que você estivesse brisando também. Eu tinha acabado de tomar uma metadinha na frente dela, e já tinha lhe oferecido sua metade e a oportunidade de furar seu encontro. Ela estava saindo com a Tina e elas pareciam estar bem de saco cheio. Depois de tudo o que o breve relacionamento tinha lhes custado, parecia que elas ainda tinham que insistir mais um pouco. Coitadas. Eu tinha planos. Eu ia encontrar a Rose e o Andy em alguma abertura na Parsons. Elas disseram você tem que ir, as mulheres mais gatas estarão lá. Eu não ia a um evento lésbico interessante fazia um bom tempo, anos, na real. Há uns três ou quatro anos rolavam umas festas incríveis num lugar chamado Medusa’s Revenge. As melhores festas a que já fui. Eu estava pegando uma mulher atrás das cortinas de veludo preto. Estava chovendo e senti que o ácido já começava a bater enquanto eu caminhava pela Quinta Avenida. Eu adorava esses momentos de privacidade intensa que as drogas proporcionavam, a sensação de estar entre duas torres de calor esperando para ter um pico de prazer. Sem fome, sem dinheiro, uma chuva boa para caminhar e eu estava me sentindo maravilhosamente poderosa. O ácido sempre fez com que eu me sentisse um personagem delirante. A cor de seja lá o que eu estivesse vestindo ficava mais nítida. Eu estava vestindo uma camisa listrada roxa vermelha azul pêssego e alguma outra combinação que ficava bonita do mesmo modo que eram bonitas as coisas que eu usava na infância, tudo misturado e brilhante. Quanto mais melhor. Os princípios infantis funcionavam pras viagens. Eu estava muito molhada quando cheguei."